sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Volodia, testemunho incansável da história.

O escritor e militante chileno Valentín Teitelboim Volosky morreu aos 91 anos numa clínica de Santiago. Teitelboim foi Prémio Nacional de Literatura do Chile em 2002. Passou 15 anos exilado na Europa, a maior parte do tempo em Moscovo, estudou Direito na Universidade de Chile. Foi poeta durante a juventude, trabalhou como jornalista e foi deputado e senador pelo Partido Comunista, do qual chegou a ser secretário-geral.
Valentín Teitelboim Volosky, conhecido como Volodia Teitelboim, nasceu a 17 de Março de 1916, em Chillán. Filho de Moisés Teitelboim y Sara Volosky, refugiados judeus, desde tenra idade manifestou inquietude literária. Aos 16 anos iniciou a militância nas Juventudes Comunistas. Em 1935, publicou em colaboração com Eduardo Anguita a “Antologia da nova poesia chilena”. Este livro assinalou um ponto de controvérsia, já que não incluiu Gabriela Mistral, tendo contribuído para a célebre polémica literária entre Vicente Huidobro, Pablo de Rokha e Pablo Neruda.
Volodia Teitelboim, considerado membro da “Generación Literaria” de 1938, exerceu crítica literária em diversas publicações. A sua visão crítica sempre esteve atenta as letras latino-americanas e universais.
Em 1952 publicou a sua novela "Hijo del salitre", que Neruda considerou no seu prólogo “racimo asombroso de vida y de luchas cargadas de semillas”, que se refier à vida de Elías Lafferte. Teve numerosas edições no Chile e, tal como ocorreu com outras suas novelas, foi traduzida a vários idiomas.Em 1954 fundou e dirigiu em Santiago, a revista cultural "Aurora", e, posteriormente, nos anos setenta, durante o seu exílio, fundou e dirigiu "Araucaria de Chile". Publicada em Madrid, durante doze anos, foi um importante órgão de resistência crítica dos intelectuais exilados, tanto chilenos como latino-americanos. A sua biografia "Neruda", aparecida em Madrid em 1984, foi publicada em alemã, russo, francês e inglês. Nos Estados Unidos aparecerem duas edições. Para 1995 reeditou-se em Paris em língua francesa. Também foi publicado em Argentina e Cuba.
Na sua longa trajectória desenvolveu várias actividades: escritor, biógrafo, crítico literário, jornalista fundador de “El Siglo”, locutor de rádio, advogado, deputado, senador e secretario general do Partido Comunista de Chile.
Volodia dói testemunha e actor do nosso tempo, analista e expositor do processo cultural chileno do século XX, deixou uma obra que só pode ser produto de um activo participante na luta por uma Sociedade Humanista.

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