quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Fenómenos de Entroncamento

"Ao falar-se de Património Arquitectónico e Histórico, no Entroncamento, inevitavelmente termos de falar do Fenómeno Ferroviário e da Revolução Industrial da 2.ª metade do sec. XIX. O “fenómeno” do Entroncamento não foi o das batatas, das cebolas… ou de qualquer "nabo" que alguns incultos nos querem impingir.
O “fenómeno” do Entroncamento foi o de uma revolução inovadora, para a época, que marcou toda uma região, e porque não dize-lo: - marcou o País! Esta revolução tecnológica contribuiu para uma radical mudança de mentalidades,… foi um rude golpe nas relações feudais dominantes. A cultura proletária ganhava terreno.
O Entroncamento, na época da introdução da via-férrea, era considerado como uma referência nacional onde eram aplicados grandes recursos tecnológicos gerados pela Revolução Científica.
Aqui acorreram operários pioneiros de uma grande aventura. O fenómeno da ferrovia mobilizou recursos colossais.
Esta grande aventura humana mudou para sempre um descampado agrícola, pouco habitado, numa urbe. Assim o Entroncamento para além de fenómeno tecnológico foi, e é ainda, um fenómeno urbanístico, para o bem e para o mal consoante as épocas.
O Entroncamento dispõe hoje de dois tipos dominantes de património arquitectónico e histórico: o património constituído por edifícios industriais sobretudo ferroviários e os bairros ferroviários (e pouco mais).
Esse valioso património tem sido deixado ao abandono. No entendimento que ainda domina nalgumas mentes: apenas os monumentos históricos construídos antes da revolução industrial eram vistos como bens patrimoniais, excluindo-se obras de épocas mais modestas e mais recentes e conjuntos urbanos. No entanto o paradigma está a mudar. O património faz-se dia-a-dia e lega-se às gerações futuras.
Assim urge delimitar-se os bens arquitectónicos e históricos e salvaguarda-los no actual processo de revisão do Plano Director Municipal.
Algum do património legado pelos pioneiros ferroviários perdeu-se irremediavelmente devido à irracionalidade e à incapacidade de visão histórica e cultural.
Exemplos mais significativos desse desrespeito pelos valores transmitidos, encontramos a destruição do chamado “edifício Paris” do Arquitecto Piccioci, uma das jóias da arquitectura local. Mas houve mais, a deslocação do Chafariz do Bairro Camões, a destruição do Fontanário do Largo da Feira (actual Praça do Município) da autoria de Henrique Sequeira e outros,... Foram tempos de vandalismo.

Mas desenganem-se os que julgam ter acabado o processo de irresponsabilidade e a talibanização do nosso património cultural local.
Hoje, por incúria da REFER e dos poderes políticos locais e nacioniais o edifício Camões está num estado lastimoso. O Bairro Camões, o Bairro Social da CP na rua Latino Coelho, o Bairro Vilaverde (que nem esgotos tem) encontram-se em avançado estado de degradação e de abandono.
Mas há mais, o património arquitectónico militar, o Centro Cultural, e muitos outros edifícios com interesse histórico, arquitectónico podem desaparecer pois não está devidamente salvaguardada o seu enquadramento no PDM.
O Entroncamento também na área do Património Arquitectónico e Histórico necessita de outra Política, que só a CDU está em condições de implementar"

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

“Capital Humano”, não confundir com “Recursos Humanos”

A novilíngua, embutida pelos boys de Chicago na década de 80, no discurso neoliberal marcou o fim do paradigma keynsiano e o rompimento com quaisquer evoluções científicas da economia burguesa e a preponderância da vulgarização do fetichismo. A economia neoliberal tornou-se num instrumento ideológico doutrinário, uma ortodoxia, destinada a criar uma névoa que tudo submergisse e tudo confundisse.
Um dos jargões da novilíngua é o chamado “Capital Humano”. O capital, “mortum”, essa acumulação de trabalho social, que sobrevive e cresce vampirizando o trabalho vivo (Recursos Humanos) e lançando milhares de milhões de seres humanos para a pobreza e o desemprego.

O jargão “Capital Humano” associado ao conceito neoliberal de que "os trabalhadores são capitalistas", donos do seu capital (=trabalho), parceiros iguais, colaboradores das empresas e do patronato. Assim os trabalhadores capitalistas donos do seu trabalho seriam os únicos responsáveis pelas suas desgraças: baixos salários, desemprego, escravidão, reformas baixas, etc… e até a própria incapacidade de trocar trabalho por salários.

Os neoliberais subverteram o conceito clássico de capital e mascararam a natureza do trabalho nas suas várias faculdades: físicas, morais, intelectuais, estéticas e relacionais.

Ou seja, com uma varinha de fada, a força de trabalho dos assalariados (proletários) posta à venda no mercado de trabalho, deixava de estar sujeita à exploração para serem todos capitalistas e todos empresários (exploradores) de per si. Uma cabala cínica digna do mais profundo obscurantismo.

A noção de “Capital Humano” tenta dissolver todas as relações sociais. Não haveria exploradores e explorados e a condição de se ser rico ou pobre era numa questão de sorte e de saber gerir as competências “capitalistas” de cada um.

O trabalhador (“capital humano”) teria acesso também às mais valias criadas pela sociedade em pé de igualdade com os empresários, especuladores financeiros, agiotas, traficantes da desgraça alheia, etc… Ou seja era o capitalismo popular, o fim da história, deixavam de haver relações de exploração,… a desgraça adivinha da “mala soerte” e da “falta de cabeça”.

Mas, o objectivo é ocultar as condições que tornam possível o capital, ou seja, a exploração da força de trabalho sob a forma de trabalho assalariado (mensal, semanal, diário ou à peça), a transformação da força de trabalho em mercadoria e sua exploração e a detenção dos meios de produção. Colocar a questão ao contrário só pode ser cinismo e do grande.

África disse “NÃO”, em Lisboa

Primeiro, os dirigentes africanos impuseram a vinda de Mugabé a Lisboa contra a vontade dos ingleses pedantes. Os interesses dos “ditadores” são diferentes dos interesses dos povos. Apesar da malformação e malcriação do chefe de Governo português ao ter-se recusado a cumprimentar um hospede, convidado, mas não desejado, os dirigentes africanos portaram-se à altura e com dignidade, manifestando respeito para com o povo português.

Segundo, para surpresa de todos, a África, que alguns julgam ter como coutada (por estar na miséria), disse “NÃO”! Não ao garrote dos Acordos de Parceria Económica. Não às imposições leoninas de liberalização barbara das trocas comerciais. Não à reencarnação do “pacto colonial”.

Terceiro, a Europa, quis impor a África decisões da Organização Mundial de Comércio, uma organização não eleita que manda em governos supostamente "democráticos". Os Vinte e Sete exigem aos países de África que abram os seus mercados às exportações da União Europeia sem direitos aduaneiros.

Concluindo: os resultados desta cimeira, apesar de terem sido escondidos pela comunicação social, criaram problemas internos dentro da própria UE em vésperas da assinatura do “tratado (constitucional) de Lisboa”. Nicolas Sarkozy, pressionado pelos africanos teve a esperteza oportunista de dizer: «Eu sou pela Globalização, sou pela Liberdade» (pois já se vê liberdade só a dos mercados), declarou ainda «mas não sou pela espoliação de países que, de resto, já não têm nada». A revolta foi enorme em África, houve manifestações um pouco por toda a África sub-sahariana e a UE cedeu.

Mas para Portugal as ondas de choque ainda não terminaram, ao desbaratar um “capital” de prestígio internacional acumulado nos últimos trinta anos, Portugal está pior “cotado” e está a sofrer represálias. Uma das últimas foi o cancelamento Rally Lisboa-Dakar. O Governo de Portugal portou-se mal nesta cimeira, O Governo de Portugal portou-se mal “nos voos de raptados pela CIA”, O Governo de Portugal portou-se mal com os povos árabes, balcânicos vítimas do imperialismo americano. Os Governos de direita portugueses comportam-se como lacaios dos imperialistas, assumindo os "trabalhos" mais sujos...

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Investigações sobre voos para Guantanamo

Dados que escaparam da CIA, sobre voos para Guantanamo, apontam para 94 os carregamentos de prisioneiros, mais de 700 raptados e desaparecidos passaram por território nacional. Os voos foram objecto de autorização e/ou fechar de olhos dos últimos governos do PSD, CDS e PS que desta forma colaboram activamente com as acções terroristas da CIA em muitos países do mundo, onde beneficia da colaboração de governos pouco recomendáveis. A amnistia internacional periodicamente chama a atenção dos activistas dos direitos humanos para o facto desses presos serem sujeitos à tortura em prisões secretas e dos mesmos não terem quaisquer direitos e meios para organizarem as suas defesas. Os tribunais são lhes negados.

Começa a ser óbvia a razão de tanto nervosismo dos políticos de direita portugueses quanto à possibilidade de retaliações dos muçulmanos…Se houver um ataque de represália, contra o território nacional, os únicos responsável pelo sangue derramado dos portugueses são os colaboracionistas do regime dos EUA. Como podemos acreditar nos políticos de direita do “centrão”, se até aqui, em sede dos direitos humanos têm um pacto entre eles (entre eles e os EUA) para limitar os direitos fundamentais de seres humanos?
VER artigo mais abaixo

A sabedoria que Deus nos deu…

"(…) quem acredita que um penedo caia
com a mesma rapidez que um botão de camisa ou que um seixo da praia?
Esta era a inteligência que Deus nos deu.
(…) Ai, Galileo!
Mal sabiam os teus doutos juízes, grandes senhores deste pequeno mundo,
Que assim mesmo, empertigados nos seus cadeirões de braços,
andavam a correr e a rolar pelos espaços
à razão de trinta quilómetros por segundo.
Tu é que sabias, Galileo Galilei.(…)"

In “Poema para Galileo” de António Gedeão

A obsessão pela co-incineração


A única vantagem de sermos os últimos a implementar uma ideia, é que podemos faze-lo tendo em conta os erros dos pioneiros. No caso da incineração, ao sermos os últimos, não é racional que os erros ambientais e a corrupção dos outros não nos sensibilizassem. A obsessão do PS levou-nos a escolher a pior solução do ponto de vista da eco-eficiência para além de outras questões marginais, algumas muito gravosas em termos de impacte ambiental local, regional, nacional e global. Como fonte de lucro foi e é uma oportunidade irrepetível para determinados grupos económicos que noutras países gerou corrupção e tráfico de influência em larga escala.


Alguns problemas da co-incineração:

  • O sistema baseia-se na “destruição” dos resíduos através de um processo térmico. O método tecnológico consiste na passagem da matéria de um estado para outro. Assim neste processo gera-se energia (incorporada no processo produtivo), formam-se gases que se escapam para a atmosfera (alguns comprovadamente perigosos), materiais “estabilizados” aprisionados no cimento (não analiso a “bondade” e o pretenso “sem riscos” do processo. Têm surgido muitas críticas em estudos sérios da comunidade cientifica);
  • Este processo do pondo de vista da eco-eficiência é desaconselhado porque destrói recursos cada vez mais escassos. A perspectiva deveria ser de redução (eficiência da utilização dos materiais), reciclagem e reutilização. Somos um País pobre com alma de ricos. Melhor temos um povo à beira da miséria, mas os nossos políticos, do sistema de poder, desfrutando de rendimentos ao nível europeu, agem como marajás;
  • O processo agora aplicado em Portugal, está a ser abandonado noutros países pois verificou-se que, gera um ciclo infernal que vai ao ponto de se estimular criação de resíduos só alimentar o negócio. A incineração (ou co-incineração) alimenta a chamada corrupção ambiental –. As empresas incineradoras estimulam a produção de resíduos junto das indústrias produtoras. O Estado paga a “destruição” dos resíduos (a destruição recursos escassos), a indústria incineradora estimula o mercado para se produzirem mais resíduos, o Estado paga mais, assim por diante…;

  • Do ponto anterior podemos inferir de um retrocesso na implementação de políticas de Produção Mais Limpa ou seja: a introdução de processos produtivos onde os ciclos dos produtos permitam ganhos de eficiência ambiental e poupanças de recursos esgotáveis. Estes métodos de eco-eficiência são fundamentais para a efectiva modernização da economia e a inovação dos processos tecnológicos.


Porque foi escolhida?

A primeira razão prende-se com um problema cultural e educacional do eleitor. Os nossos governantes, mal formados (ou bem formados) tomam decisões às vezes simples, como esta, mas que o povo muitas vezes não consegue analisar. A ideia de "a queima faz desaparecer os lixos" e "tudo purifica", é um conceito aceite em Portugal há séculos. Neste País até as almas eram purificadas em fugueira no meio de praças públicas. O conceito serve na perfeição, alguns grupos económicos instalados no sector das cimenteiras que encaram este negócio como um "maná" que lhes possibilita irem sacar dinheiros públicos e assim beneficiarem da cada vez "melhor oleada" máquina capitalista de Estado aos serviço dos monopólios. Com a perspectiva, como aconteceu noutros países, desses grupos ditarem regras muito prejudiciais para o erário público na obtenção do lucro fácil.
Acrescente-se a tudo o dito até agora, os atentados ambientais (terrorismo ambiental de Estado) perpetrado contra o Parque Natural da Arrabida, ecossistema único mundial e portanto a carecer do encerramento da fábrica de cimento, limitação de transportes de grande impacte, e intervenção e recuperação paisagística. O Parque Natural da Arrabida é património único local, regional, nacional e internacional. Uma riqueza inestimável para as futuras gerações.
Este País necessita de uma política de esquerda para o ambiente.

Crise

O último programa “Prós e Contras”, na RTP, deixou no ar uma preocupação, a crise mundial. Primeira nota, a generalidade dos economistas e gestores não estão preparados para lidar com o que aí está por rebentar. Não se trata só de bolhas, falta de liquidez,... o problema é muito mais grave... As consequências podem ser arrasadoras para algumas zonas do globo. Segunda nota, não fossem a crise e as dificuldades económicas o programa teria sido uma comédia surealista. O ridículo em que caíram os representantes mais liberais foi notório. As gargalhadas da plateia, de gente simples, censuraram a retórica ignorante de quem não sabe, não quer saber, não vê um palmo há frente para além da chamada obseção pelo déficit. Terceira nota, salvaram o debate Carlos Carvalhas e João Ferreira do Amaral com visões menos tacanhas, menos ancoradas aos dogmas da economia e da ideologia dominantes das últimas décadas. A humanidade necessita de mentes abertas, e não de figuras de estilo Quixotianas com a habitual parafernália lexica de ideias repetidas amiúde para parecerem verdades inquestionáveis, "colaboradores", "empresas de sucesso", "saneamento financeiro do Estado" e outro instrumentarium que deixam de fazer sentido com o novo paradigma em perspectiva. Com as crises surgem as revoluções. Espero que estas também potenciem revoluções supremas, as sociais.

A Société Générale inventou o processo Dreyfus-Trader

Depois de todo o tipo de especulação financeira, os mercados internacionais estão à beira do precipício. O velho paradoxo liberal voltou em força com os conhecidissimos antagonismos do estafado sistema. Quanto mais se liberalizam os mercados mais regulares são as crises e mais devastadoras. A distribuição da riqueza mundial e a concentração limitam a aquisição das produções por parte das massas, observando-se que as economias fictícias, baseadas na especulação financeira, jogam cada vez mais em terrenos movediços. A crise geral do capitalismo está aí novamente em força. A regulação dos mercados desapareceu e com ela a almofada de controlo das crises sistémicas.
«La Société Générale, troisième plus grande banque française, a annoncé une perte de 7 milliards d’Euros, dont 4,9 milliards aurait pour origine « une fraude interne », du fait d’un seul employé.
Incompétent notoire, fraudeur génial ou grossière manipulation de communication, les experts financiers ont déjà tranché : un seul homme ne peut être responsable d’une fraude d’une telle ampleur.
Depuis plusieurs semaines, la crise financière s’aggrave, provoquant même un véritable Krach boursier ces derniers jours. Dans ce paysage financier apocalyptique, tout les coups de communications sont permis pour masquer la faillite du capitalisme financier. Quel dramatique aveu d’échec pour la troisième banque française, et plus largement pour le système financier que d’être dans l’incapacité à s’auto-réguler !C’est ainsi, que la Société Générale invente le dreyfus-trader. Plus c’est gros, plus ça passe.»
Parti communiste français
Paris, le 25 janvier 2008

A Revolução das Ambulâncias

O Governo e o ministro (que nos trata da saúde), encerram Serviços de Atendimento Permanente, Urgências, flexibilizam os horários dos médicos até à exaustão a fazer trabalho administrativo, enfermagem e se assim continuar passam a lavar as escadas [não é que não fizesse bem a alguns, imaginem o DR. Pisco de esfergona na mão...]), enviam para casa os enfermeiros, preparam os "disponíveis" do Sistema Nacional de Saúde (livram-se primeiro os mais novo, o processo já começou nos enfermeiros), colocam os médicos com mais de 50 anos a trabalhar como máquinas até lhe rebentar o “motor” (poupam-se uma coroas em reformas) e vão entregar o sistema, esfrangalhado, a sapateiros (perdão aos ditos), alta-finança, câmaras, IPSS, etc… pagam os contribuintes. Enquanto se desinveste nos Recuros Humanos, as ambulâncias são compradas a rodos (deviam ser investigadas as centrais de compras e os negócios). Compram-se ambulâncias às toneladas, mas sem os meios humanos necessários. Assistimos a um paradigma de tecnocentrismo perigoso . Os meios Humanos são substituídos por máquinas estúpidas sem operadores, sem rede, sem conexões, sem médicos, sem enfermeiros, sem gestão… funciona tudo sem massa cinzenta especializada.
Os doentes, esses, têm a vida presa por fios e a andar para trás. Os portugueses do interior e dos suburbios passaram a sofrer de stress pré traumático.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

USF, a destruição do SNS pelos TURBOliberais

As metas previstas pelo Governo para o fim de 2007 apontavam para estar a funcionar em velocidade cruzeiro 200 Unidades de Saúde Familiar(USF). Essas (USF) eram (e são) apresentadas pelo ministro como a panaceia para todos os males: acabar com a falta de médicos; motivar os profissionais de saúde, fim das listas, etc… um remédio santo, uma banha da cobra prescrita pelo ministro e por seus colaboradores mais próximos. Hoje, expiramos o prazo e estamos a 1/2 da meta pretendida pelo governo, só 100 USF em funcionamento. Nesta área como noutras, da Saúde, o Governo, o Ministro e os seus Colaboradores, revelam uma incapacidade crónica desastrosa e uma ignóbil característica de mal intencionados a que se acrescenta o ataque ao social como coveiros do sistema.
O fracasso numérico, da pouca adesão, não foi motivo para cancelar os festejos. Não tinham 200. As 100 também serviram! E vai daí rodou o champanhe servido em copos de plástico. Que piroso! Nunca tinha visto tanta tia de "práaaaastico em riste". [A imagem despertou em mim sentimentos tragico-cómicos de uma cena de há 20 e tal anos atrás, uma "vulgata balcânica" (entre Rodópes e Vitosha). A que chegamos para ganhar uns cobres!]
Estas políticas caracterizam-se por:
* um modelo de USF que não funciona, onde foi experimentado todo o velho instrumentário: "consumidor pagador" (vulgaridade), "quem quer saúde paga" (individualismo), "novas oportunidade de negócio" (vigarices), menos Estado (apropriação por alguns), mais privados (INIFICIÊNCIA SOCIAL), substituição do tendêncialmente gratuíto substituido pelo tendenciamente pago (sinismo), etc ... pelo visto isto não pode funcionar em Portugal, obviamente.
* A escolha para a missão da Reforma dos Cuidados de Saúde Primários do Dr. Luís Pisco, presidente da Associação dos Clínicos Gerais, está longe de ser satisfatória, em termos de conhecimento da realidade, para a tarefa que lhe atribuiram. Esse médico não se limita a apologia das teses neoliberais para a saúde, na prática aplica o princípio do arrasar tudo o que de existe, mérito também do PS, para depois entregar aos grupos económicos, câmaras, “cooperativas”, IPSS o espólio e o “mercado emagrecido pronto a usar” em forma de privatização ou concessão (socialização dos custos e privatização dos lucros)… Na acção da prática política do Governo, dos colaboradores da Missão para a Reforma dos CSP, em concomitância com os grupos financeiros assistimos ao assalto dos bens do Estado. Estamos perante um vendaval TURBO-neo-liberal que só não é mais forte porque as populações se mobilizam para evitar o genocídio dos que não têm rendimentos para pagar seguros de saúde;
* O Ministro da Saúde afastou do processo de reestruturação dos Centros de Saúde os profissionais de saúde (enfermeiros, administrativos, médicos,...). Hoje, à medida que há mais informação disponível cresce a oposição às USF por parte dos profissionais (resistência passiva e activa (sindicatos e Ordem)) e utentes do SNS. O sistema que o Governo quer impor tem elevados custos para o erário público e parcos resultados práticos (dados das USF em funcionamento). É já obvio que estamos a destroir um sector modelo nacional e internacional 12º noranking da Organização Mundial de Saúde);
* Os médicos de família estão a ser retirados do interior do país, das zonas rurais, das extensões longínquas e deslocados para suprir as necessários das USF, numa perspectiva de negócio, que não acrescenta nada de novo do ponte de vista da eficiência social e da eficiência da afectação dos recusos, nem da resolução dos problemas dos doentes;
* As 100 ou 200 USF (ou todas as sonhadas pelo ministro) não vão resolver o problema dos actuais 2.000.000 utentes sem médico de família em Portugal. Não há milagre da multiplicção dos pães (médicos), isso só existe na cabeça de mentes pouco saudáveis;
* As USF que arrencaram e as que nunca o serão não vão resolver os problemas graves relativos a uma quantidade esmagadora de médicos à beira da reforma e a falta de reposição desses Recursos Humanos;
* A única coisa em crescendo é a crise em crecendo dos hipocondríacos saudáveis. Esta invenção da indústria farmacêutica em conluio com os governos de direita, resultaram em 550 toneladas de lixo caro e perigoso, medicamentos, que, num momento de lucidez, os doentes não tomam.
Não se pode nem deve exigir mais ao Dr. Luís Pisco e à restante equipa, pois estamos certos que estão a fazer o seu melhor que é pouco e muito mau: pouco porque não consegue justificar as listas de doentes sem médico de família (dois milhões em crescendo). Muito mau porque não consegue perspectivar qual deve ser o papel de um profissional nos Cuidados Primários ou na assistência primária e avaliar das necessidades do interior de Portugal, dos idosos, da medicina de prevenção, da educação para a saúde, dos centros de saúde como porta de entrada para o Sistema Nacional de Saúde, etc...
Por último, criar barreiras à entrada no sistema de saúde e originar excluídos do SNS tem custos para toda a sociedade em termos do retorno dos efeitos epidemiológicos e outros... O ambiente sanitário não é estanque e está instalado o caos e a pandemia do paradoxo liberal-irracional-anarquico.

Afinal quem aprovou o "Bragaparque"?

Tem aparecido na comunicação social uma onde de branqueamento do processo Bragaparque em que parte dos responsáveis se querem desvincular de um assunto que tresanda a corrupção, favores e “inocência”. Com o afundar do barco alguns "ratos" saltam directamente para a lama do charco onde por mais que disfarcem estão atolados até à raiz do cabelo. «Em conferência de imprensa realizada dia 22, os eleitos do PCP na Câmara Municipal de Lisboa defenderam a nulidade da permuta e da hasta pública relacionada com os terrenos do Parque Mayer e de Entrecampos. Esta posição foi defendida na véspera da reunião de Câmara onde o assunto seria debatido. Os vereadores comunistas lembraram ainda que os eleitos do PCP e do PEV foram os únicos que, desde o início do processo, se opuseram à permuta dos terrenos, bem como a todos os aspectos relacionados com ela. A responsabilidade deste negócio, acusam, é do PSD e do CDS, mas este "nunca teria sido aprovado sem o voto favorável do PS e do BE". O Processo fói desencadeado, lembraram ainda, no seguimento de uma queixa apresentada pelo PCP e PEV na Polícia Judiciária em Agosto de 2005. O Avante! Desenvolverá esta notícia na próxima edição» in Avante! de 24.01.2008.

Enquanto o Capital Enche o Bandulho, os Pobres empobrecem

Os dados mais recentes do Eurostat dizem tudo sobre o "socialismo" e a "social-democracia" à portuguesa que assombrou as últimas 3 décadas. Em, 1975, a parte dos salários no rendimento nacional representava 59%. Em, 2004, a parte dos salários no rendimento nacional representava 40%. Em, 2005, Portugal apresentava o maior nível de desigualdade na distribuição do Rendimento Nacional entre a UE a 27. Os 20% mais ricos recebiam 6,9 vezes mais rendimentos que os 20% mais pobres. A situação ainda era pior se se analisar o nível de rendimentos das 100 famílias mais ricas de Portugal, um escândalo nacional e internacional. No Orçamento de Estado para 2008 os benefícios fiscais destinados ao off-shore da Madeira passaram de 1 milhão de euros (em 2007) para 1,780 milhões de euros. Valor suficiente para resolver muitos problemas: diminuição do IVA, déficit orçamental, falta de investimento estatal, etc...Mas ficou também uma verba para pareceres e estudos de 1,2 milhões de euros destinada a alimentar os mamões da teta gorda que gravitam à volta do bloco central (um pouco mais, agora, para a clientela rosa). Sempre há umas "migalhas", uma caixa, uma direcção geral, um... para os parceiros co-responsáveis pela desgraça colectiva do povo. Em Portugal 40% dos pobres trabalham por conta de outro ou por conta própria. Mas é nos reformados que a situação é pior com centenas de milhares de reformados no limiar da pobreza, com milhares a passar fome, a não ter dinheiro para tratamentos, medicamentos, comida e roupa. Os políticos de direita tratam mal os velhos, estão a empurra-los para a pobreza absoluta enquanto o grande capital enche o bandulho.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Rosário à força no brasão da Freguesia


Desrespeitando as decisões e as propostas da Junta da freguesia da Zona Norte do Concelho de Entroncamento, desprezando os princípios de laicidade da Republica Portuguesa a Comissão de Heráldica quis impor à força, servindo-se de chantagem despudorada, um símbolo religioso. A Comissão de Heráldica desenhou grotescamente sobre a proposta de brasão da freguesia um rosário e deu a entender que era isso ou nada.
Certo, certo é que a nova Freguesia de N.ª S.ª de Fátima, nome imposto através de “referendo popular” à margem da lei, está sem brasão, sem bandeira e sem carimbo, à espera que a dita “instituição” todo poderosa se digne aceitar as pretensões dos legítimos representantes das populações do Entroncamento.


Transcrevo na integra o comunicado do PCP de Entroncamento:



"A Comissão Concelhia do PCP no Entroncamento, face às inverdades e intenções do Sr. Presidente da Junta de Freguesia de Nossa Senhora de Fátima, publicadas no NE de 16/11/2007, rejeita que, da parte do PCP ou da CDU, haja ou tivesse havido qualquer falta de bom senso ou desrespeito pelas entidades competentes, como nos acusou o sr. Presidente da Junta e esclarece que os eleitos do PCP nos Órgãos da Freguesia aceitam poder ter a sua quota-parte de responsabilidade no “impasse” criado na aprovação do brasão, selo e bandeira, mas consideram que essa responsabilidade deveria igualmente ser assumida por todos os intervenientes no processo, sem excluir os eleitos do PSD e a própria Comissão de Heráldica.

Poder-se-á dizer que foi a oposição que votou contra, mas também tem toda a justeza afirmar que, como se verifica da votação sobre o assunto na reunião de 19/06/2007 da Assembleia de Freguesia, em que houve três votos a favor (PSD), três votos contra (PS), dois votos contra (BE), um voto contra (CDU), a Assembleia teria todas as condições de, naquela reunião, aprovar o brasão, selo e bandeira, se não tivesse havido aquelas abstenções de três membros da bancada do PSD.

Sem qualquer desrespeito pelas competências que a Lei lhe confere nesta matéria e tendo em conta a complexidade da mesma, consideramos que, a Comissão de Heráldica, ao ter proposto a inclusão do rosário (elemento que não figurava na proposta inicial), bem poderia ter acrescentado ao seu científico parecer alguma referência às razões de tal inclusão, ajudando assim ao esclarecimento de quem, também por via da lei, tem a competência e o dever de deliberar sobre a ordenação dos símbolos heráldicos da freguesia.

Irresponsabilidade, falta de bom senso e desrespeito pelos Órgãos Eleitos, parece demonstrar o senhor Presidente da Junta ao tornar público na mesma entrevista, que é intenção da Junta de Freguesia arquivar o processo, adiando a aprovação do brasão selo e bandeira para um próximo mandato. O que dizemos em relação ao Sr. Presidente da Junta é extensível ao PSD local, na medida em que não lhe vimos, até à presente, qualquer demarcação das afirmações publicadas.Entroncamento, 26 de Novembro de 2007.

A Comissão Concelhia do PCP de Entroncamento"http://cduentronc.blogspot.com/

Impeto Totalitário


Cai a mascara das preocupações com a qualidade da democracia e a tão apregoada transparência da vida pública. É inquestionável que a democracia está a ser alvo de um violento ataque que atinge no quotidiano da nossa vida colectiva as mais variadas expressões: são as limitações à liberdade de expressão, de propaganda e de reunião, a repressão ao protesto das populações, a crescente sufocação da sociedade, a governamentalização da Justiça, o ataque aos direitos laborais, as restrições à liberdade de organização e de funcionamento dos partidos, que com a aplicação da Lei dos Partidos e da Lei do Financiamento fazem tábua rasa do espírito da constituição de Abril. Leis fabricadas pelo PS e PSD, dirigidas particularmente ao PCP, mas não só, no desrespeito dos mais elementares direitos democráticos e humanos. Estão em causa os direitos, liberdades e garantias consignados na lei fundamental.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Mentiras sobre o Tratado de Lisboa

"LES MENSONGES SUR LE TRAITE DE LISBONNE
Libéraux de droite comme de gauche, UMP, Modem et direction du PS, relayés par la presse patronale (Le Monde, Libé, Le Figaro, ….), diffusent, comme en 2005, une série de mensonges à propos du traité modificatif européen (Traité de Lisbonne) qu’ils veulent voir ratifié à tout prix. En voici 5, parmi d’autres :
A propos de la laïcité :
Nouveauté par rapport au Traité établissant une Constitution pour l’Europe (TCE) : « l’héritage religieux » est mentionné comme « source de la démocratie, de l’Etat de droit et des libertés fondamentales » ; par contre, comme dans le TCE, l’Union Européenne (UE) reconnaît les Eglises, mais pas la laïcité (le mot et la chose sont absent des textes). Le retour en force de l’ingérence des Eglises est ainsi encouragé. L’Europe des Lumières s’obscurcit dangereusement. Les droits des femmes à peine conquis sont directement menacés. Le Vatican triomphe avec l’aide du chanoine qui préside la République.
A propos de la démocratie:
Comme dans le TCE, quelques dispositions renforcent le poids du Parlement européen, mais celui-ci reste largement un Parlement croupion : il n’est pas l’unique législateur et ses pouvoirs de contrôle sont limités (pas de séparation des pouvoirs), il ne peut pas proposer ses propres textes (le monopole de l’initiative est maintenu en faveur de la toute puissante Commission européenne qui peut s’opposer aux attentes du Parlement et du Conseil des ministres tous deux pourtant issus du suffrage universel). Le citoyen qui peut changer, par le suffrage universel, son maire, son parlementaire, son gouvernement est totalement impuissant face à une Commission européenne qui n’est pas comptable de ses actes. Le traité modificatif ne modifie pas le caractère technocratique et opaque d’une Commission européenne plus que jamais aux ordres des lobbies de la finance et du business.
A propos du néolibéralisme des politiques européennes :
La disparition de la formule « concurrence libre et non faussée » du TCE n’entraîne pas de changement dans l’orientation des politiques. Un article rappelle le primat d’une « économie de marché ouverte où la concurrence est libre » et un protocole (même valeur que le traité) indique que « le marché intérieur comprend un système garantissant que la concurrence n’est pas faussée ». La seule politique de l’UE, c’est, plus que jamais, de mettre en concurrence toutes les activités humaines. Pas de place pour la coopération ; pas de place pour la solidarité. Mme Merkel l’a confirmé au Parlement européen : en ce qui concerne le libéralisme des politiques, « rien ne va changer ».
A propos des services publics :
Rien n’est plus mensonger que d’affirmer que l’UE protège désormais les services publics (baptisés « services d’intérêt général »). Un protocole dont l’intitulé parle des « services d’intérêt général » ne concerne en fait dans son contenu que les « services d’intérêt économique général » lesquels sont soumis aux règles de la concurrence. Il s’agit-là d’une formidable mystification de la part des auteurs du traité. Comme ceux-ci l’ont déclaré : « la liberté d’établissement et la liberté de circulation des personnes, des biens, des capitaux et des services continuent de revêtir une importance capitale ».
A propos de la mondialisation néolibérale :
L’affirmation selon laquelle désormais l’UE protégerait contre la mondialisation est totalement mensongère et démentie par le texte : celui-ci renforce les pouvoirs de la Commission européenne pour négocier des politiques de dérégulation à l’OMC. Les pouvoirs du Comité 133 sont consacrés et renforcés dans la mesure où il ne devra plus se prononcer à l’unanimité. Son opacité demeure. La négociation de la mise en œuvre de l’Accord Général sur le Commerce des Services (AGCS), dont l’objectif ultime est la privatisation de toutes les activités de services qu’elles soient nationales régionales ou municipales, en sera facilitée. Le traité de Lisbonne facilite la soumission des services publics locaux aux règles de l’AGCS."
Raoul Marc JENNAR
investigador

sábado, 19 de janeiro de 2008

Entroncamento - "capital do ateísmo"

O Concelho de Entroncamento escolheu como símbolo, a representação do movimento atómico, uma das figurações científicas mais conhecidas, ligada a vários movimentos científicos ateus. Com a ideia os responsáveis do município quiseram dar um “sinal de progresso” e de que lado estão” no espectro religioso. Assim o Entroncamento, não só não se limitou a não escolher um símbolo religioso como, foi o primeiro município português a escolher um símbolo ateu. Como pioneiro deveria ser designado concelho "capital do ateísmo português".

CHAVEZ AFIRMA QUE AS FARC NÃO SÃO TERRORISTAS


sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Bobby Fischer morreu no exílio


Bobby Fischer, mestre mundial de xadrez, exilado político na Finlândia desde 2004, morreu aos 64 anos na cidade de Reiquiavik, longe do seu país, os EUA, onde foi perseguido por delito de opinião.
Era um espírito indomável. Aos 14 anos, foi campeão dos Estados Unidos. Aos 15, era grande mestre. Em 1972, arrancou a Boris Spassky, em Reiquiavik, o primeiro título norte-americano de campeão mundial de xadrez. Na altura, o xadrez misturou-se à Guerra-fria. Depois disso, desapareceu, fazendo aparições erráticas e comentários contra Israel e a política dos governos dos EUA.
Reapareceu muitos anos depois para jogar novamente contra Spassky, na Sérvia. Passou então a ser perseguido pela justiça dos Estados Unidos, por ter furado o embargo então imposto contra aquele país. Bobby Fischer denunciou o acto primário de barbaridade cometido contra os povos da Jugoslávia e com o risco da própria vida tentou salvar a Servia dos bombardeamentos da NATO. Em 2004, foi preso no Japão e ameaçado de extradição, onde era procurado pela CIA. Mas a Islândia, onde mais de 30 anos antes ele se sagrara campeão do Mundo, ofereceu-lhe asilo e nacionalidade.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Papa reacionário e obscurantista

A visita do Papa à Universidade de La Sapienza, em Roma, não se efectuou. O Vaticano não arriscou uma deslocação papal devido a protestos de professores e alunos que acusaram Ratzinger de "reaccionário" e "obscurantista" e de querer sujeitar a actividade científica aos dogmas do catolicismo. A visita estava marcada mas foi cancelada depois de centenas de estudantes terem ocupado a Reitoria, para exigirem garantias da universidade no que concerne à liberdade de expressão e à liberdade de manifestação no dia da visita.
Foi a primeira vez que o Papa cancelou uma visita devido a protestos, desde que iniciou o seu mandato em 2005. A agitação começou quando sessenta e sete mestres da Universidade La Sapienza argumentaram, em texto divulgado, que o Pontífice é "reacionário" e "obscurantista" em assuntos científicos, referindo-se a um discurso de 1990 no qual o então cardeal Joseph Ratzinger citou o filósofo Feyerabend para dizer que "o veredicto contra Galileu foi racional e justo".Os estudantes acusaram o Vaticano de "querer invadir todo o espaço político e social".

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Jugoslávia, o "ajuste de contas"

O Fundo Mundial Internacional (FMI) calculou os danos dos bombardeamentos da OTAN na ordem dos 40 mil milhões de dólares (60 mil milhões de euros). Do estudo não constam as consequências da diminuição do PIB, nem perdas de vidas humanas, as incapacidades, a radioactividade do urânio empobrecido e devastação ecológica, entre outras.

Em 31 de Março de 2001 foi o período limite estabelecido por Washington para prender o Presidente Svobodan Milosevic pelo governo da Servia. Ficou, também, fixada a data limite para a sua transferência para o tribunal da Haya, auspiciado pela OTAN.
Enquanto, isso, as vítimas de guerra (aos milhares) eram perseguidas e acusadas como criminosos de guerra (ajuste de contas com os resistentes ao imperialismo). Ao mesmo tempo, o regime de Kostunica, seguindo directivas de Washington, libertou os criminosos do Exército de Libertação do Kossovo - ELK (relacionados com máfias de droga e tráfico de “carne branca”), que cometeram atrocidades no Kossovo. Anunciados pela administração Reagan e promovidos pelas médias como “combatentes pela liberdade”, o ELK foi financiado pelo crime organizado e com apoiado clandestino da CIA para destabilizar a Jugoslávia.
Enquanto, esses criminosos voltavam às fileiras do Exército de Libertação do Kossovo, no sul da Servia e na vizinha Macedónia uma nova onda de ataques terroristas recrudescia. Os ataques, agora, são apoiados e financiados por Washington.
A OTAN como agressor e vencedor da guerra nos Balkans está a exigir da Jugoslávia os tributos: pagamento dos bombardeamentos, indemnizações aos países da ex-jusgoslávia, etc…
Enquanto o terror das armas aterrorizavam, as potencias ditavam as políticas internas da sérvia através dos FMI, Banco Mundial, BERD que procediam a intervenções cirúrgicas à economia com vista a transformar a Jugoslávia numa colónia da aliança militar ocidental. Estas instituições receberam o mandato para desmantelar através da bancarrota e das privatizações forçadas o que não tinha sido destruído pelos bombardeamentos. Os países e os grupos económicos que promoveram a destruição da Jugoslávia dividiram entre si o saque (Portugal também figura no rol dos agressores) através do roubo dos bens públicos (privatizações forçadas), contratos- programa de “reconstrução”, e outros métodos de rapina de recursos.

Algumas medidas promovidas pelo terrorismo económico do FMI e C.ª na sérvia:

Exigiram a destruição da propriedade pública sobre os meios de produção;
Deram ordens para o fim da auto-gestão nas empresas como forma de destruição da propriedade social, mas mais do que isso, como forma de luta ideológica;
Exigiram que se levantassem as barreiras alfandegárias ao mesmo tempo que financiavam o dumping em excesso para arruinar o mercado interno e bloquear os produtores nacionais;
Exigiram que se procedesse à privatização de todos os sectores estratégicos: minas, energia, etc…
Impuseram, sem discussão no parlamento sérvio, medidas de congelamento dos salários e diminuição drástica do salário mínimo;
Exigiram cortes nos sistemas de protecção social que põem em causa a sua sustentabilidade. Os idosos recebem actualmente reformas de 3 dólares/mês.

Este "tratamento de choque" aplicado noutras economias teve como principais instrumentos: a “flutuação controlada” das taxas de cambia, a hiper desvalorização do dinar (moeda), corte do crédito aos agricultores e PME, chantagem com a dívida externa através da manipulação do mercados financeiros.

A Jugoslávia, que foi líder mundial dos não-alinhados, uma potência europeia, está hoje repartida em pequenos países. A Servia vive momentos muto difíceis com um 2/3 da população a viver com menos de 2 dólares/dia, resultado do ajuste de contas com o passado – uma vingança, e uma punição exemplar dos vencedores. Mas a história ainda não acabou!

A aplicação das medidas do FMI sob o slogan “mercado livre” traduz-se invariavelmente em campesinos sem terras, encerramento de fábricas, desemprego, precariedade no trabalho, destruição de direitos laborais. A militarização é o recurso crescente para forçar a aplicação do remédio mortífero.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Os grandes problemas da vida dos povos nunca são resolvidos senão pela força;

As seis teses destacadas por Jean Salem daquilo que Lénine escreveu acerca da revolução.


  1. «A revolução é uma guerra; e a política é, de uma maneira geral, comparável à arte militar;

  2. Uma revolução política é também e sobretudo uma revolução social, uma mudança na situação das classes em que a sociedade se divide;

  3. Uma revolução é feita de uma série de batalhas; cabe ao partido de vanguarda fornecer em cada etapa uma palavra de ordem adaptada à situação objectiva; cabe-lhe a ele reconhecer o momento oportuno para a insurreição;

  4. Os grandes problemas da vida dos povos nunca são resolvidos senão pela força;

  5. Os revolucionários não devem renunciar à luta pelas reformas;

  6. Na era das massas, a política começa onde se encontram milhões de homens, ou mesmo dezenas de milhões. Convém, além disso, assinalar o deslocamento tendencial dos focos de revolução para os países dominados.»

In Lénine e a Revolução de Jean Salem, editorial "Avante", SA Lisboa 2007

domingo, 13 de janeiro de 2008

Encerramento do Campo de Concentração de Guantanamo, já!!!!

No sexto aniversário das primeiras transferências de presos para o centro de detenção dos EUA na Baía de Guantánamo, a Amnistia Internacional, apoiada por cerca de 1200 parlamentares de todo o mundo, apresentou à administração norte americana uma agenda para acabar com as detenções ilegais em situação de “guerra ao terror ”. O plano de acção assinado por parlamentares do Reino Unido, Israel e Japão, além de muitos outros, apelam à restauração do Habeas Corpus; ao fim das detenções secretas e para que todos os detidos sejam julgados em tribunais independentes e imparciais, se não for para serem libertados. É fundamental que a lei salvaguarde soluções seguras e justas para aqueles que são libertados. A Amnistia Internacional sabe de pelo menos 38 pessoas que se crê estarem em detenção secreta pela CIA e cujo destino e paradeiro permanecem desconhecidos. O programa da CIA de detenções e rendições extraordinárias não poderia ter sido usado sem a cooperação de outros governos. Outros governos foram cúmplices também nas detenções de Guantánamo. Portugal está nesta "embrulhada", pelo menos, por via da utilização de território nacional para transporte dos sequestrados para esse e outros campos de concentração secretos, muitos inocentes de qualquer acto terrorista. Muitos são patriotas. O único crime que cometeram é defenderem os direitos dos seus povos ao enfrentarem o baluarte da "democracia" e da "liberdade" mundial.

Luiz Pacheco "escritor maldito"

Luiz Pacheco (direita) com o cenografo e pintor Mário Alberto
(do Livro IVAngelho II Mário Alberto)

O escritor e crítico literário Luiz Pacheco deixa uma vasta obra, que iniciou em 1945. Nascido em Lisboa a 7 de Maio de 1925, Luiz José Gomes Machado Guerreiro Pacheco desde cedo manifestou talento para a escrita. Ele frequentou o primeiro ano do curso de Filologia Românica da Faculdade de Letras de Lisboa que foi forçado a desistir devido a dificuldades financeiras. Em 1946 foi admitido como agente fiscal da Inspecção de Espectáculos, de onde um dia se demitiu dizendo que estava farto dos métodos. Publicou dezenas de artigos em vários jornais e revistas, incluindo o antigo Diário Popular e a Seara Nova, e acabou por fundar a editora Contraponto em 1950, onde publicou obras de escritores como Raul Leal, Mário Cesariny, Natália Correia, António Maria Lisboa, Herberto Hélder e Vergílio Ferreira. Luiz Pacheco como crítico literário e cultural, ganhando fama de irreverente, denunciando a desonestidade intelectual e a censura imposta pela burguesia do “Estado Novo”. Com uma vida atribulada, por vezes sem meios de subsistência para sustentar a família, chegou a viver situações de miséria que ia ultrapassando à custa de esmolas e donativos, hospedando-se em quartos alugados e albergues. Foi nesse período difícil da sua vida que se terá inspirado para escrever o conto "Comunidade" (1964), que muitos consideram a sua obra-prima.
Do seu círculo de amizades constam muitos outros intelectuais que, como ele, se caracterizam pela incorruptibilidade e pelo combate ao sistema. Destaco: Mário Alberto; António Branquinho Pequeno, António Bacelar Macêdo; Cesariny, Mário Viegas, …
Luiz Pacheco apoiou durante muitos anos o PCP, mas só se inscreveu há cerca de 20 anos. Como José Casanova disse no funeral de Luiz Pacheco, este foi um «espírito livre e independente, personalidade lúcida e irreverente. Escritor e personalidade singular, soube reconhecer no PCP o partido dos trabalhadores, com tudo o que isso significa, e fez dele o seu partido.»
Luiz Pacheco é um dos escritores de maior importância do século passado, um estilista notável que marcou impressivamente a Literatura Portuguesa. Ao longo de mais de 60 anos escreveu dezenas de obras, incuindo “Comunidade”, “O libertino passeia por Braga, a idolátrica, o seu esplendor”, "Carta-Sincera a José Gomes Ferreira" (1958), "O Teodolito" (1962), "Crítica de Circunstância" (1966), "Textos Locais" (1967), “Exercícios de Estilo” (1971), “Literatura Comestível” (1972) e "Pacheco versus Cesariny” (1974). A última, publicada em 2005, foi "Cartas ao Léu".

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

OTA/Alcochete ou um país em “stand by”

O Governo acaba de “virar o bico ao prego”, reconhecer um processo de trapalhices e aldrabices que começou com os Governos anteriores e continuou com o actual. O maior prejuízo, para o País, decorre dos atrasos ao nível dos PROT, dos PDM, das negociações do QREN e dos estudos realizados para a solução OTA que vão para o "lixo"- Os custos são incalculáveis por falta de decisão política atempada. Este País está há anos em “Stand by” quando às suas estratégias de infraestruturas.
Pelo caminho ficaram as aldrabice em torno da OTA: os chamados terrenos do J.E. dos Santos, as famigeradas Parceias Público Privadas (mixórdia público/privada), os negócios da máfias religiosas, as crendices, os fanatismos, etc...
Mas, para além, do já habitual mofo herdado de 48 anos de salazarismo, continua o saque aos Bens Públicos, agora com as patas da besta sobre a Ana, TAP e nova ponte.
O modelo de financiamento, construção, gestão e exploração do novo aeroporto de Lisboa deve ser público, num quadro de valorização do papel da ANA, como empresa pública nacional responsável pelo conjunto das infra-estruturas aeroportuárias, bem como da própria TAP e do seu papel no transporte aéreo, contrariando os objectivos privatizadores do governo PS.

Conclusão: Um governo com maioria absoluta torna-se num governo absolutamente prepotente que não sabe ouvir e nem discutir os problemas com a sociedade. Um governo de direita é sempre um governo de rapina da coisa pública.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

O Tratado de Lisboa (que poderia ser chamado de "Tratado de Vale da Porca").

Tratado “constitucional”, já era… agora chamam-lhe "Tratado de Lisboa"… (até poderia ter o nome de "Tratado de Vale da Porca” ou ainda "Tratado de Tomar” onde se diz que “Judas era português” por se ter vendido aos Filipes de Espanha por alguns dinheiros). Certo, certo é que o Presidente da República se empenhou pessoalmente para que não houvesse consulta ao povo, dando assim “uma mão” ao primeiro-ministro que se comprometeu com coisas que logo esqueceu. Note-se que o PSD, mais uma vez, alinhou vergonhosamente com o PS.

O "acordo de cavalheiros" que os 27 finórios europeus estabeleceram (menos que os habitantes de Vale da Porca) aponta como condição "não desejável qualquer consulta popular". Tudo foi decido nas costas dos elitores e dos povos. Refira-se, ainda, que alguns desses políticos europeus têm padrões “democráticos” domésticos pouco recomendáveis (polaco, checo, bálticos…).
Chistian Makarian, adepto fervoroso do tratado “constitucional num artigo intitulado «Adieu utopie», publicado no L´ Express, em Paris com data de 25 de Outubro de 2007, escrevia «Está feita a prova de que a União Europeia só avança se se abstiver da aprovação popular […]. A união teme os seus povos, a tal ponto que em Lisboa foi preciso pôr de parte os “sinais ostentatórios”, bandeiras e hino, para serem dadas estranhas garantias à opinião pública».

Seja como for os símbolos valem o que valem. O que releva é a substância do sistema que nos é imposto, sem legitimidade, inalterado pela copia de conteúdos de tratados anteriores e por acrescentos de coacções leoninas. O Tratado reforça o poder dos países dominantes e dos seus grupos económicos à custa da perda de soberania dos povos europeus.

questões do processo que suscitam repulsa de qualquer patriota nesta pátria que é a de Camões (o conceito de pátria para a direita é diverso do significado que o povo lhe dá).

1.º A questão da soberania nacional – Aquando do referendo para regionalização em Portugal, “campónios” houve, predominantemente da chamada direita, que levantaram a bandeira da coesão nacional da coesão do Território Nacional, etc… «a Patria estava em perigo». Agora são muitos desses que querem um tratado que vai submeter as leis fundamentais do País, nomeadamente a constituição, ao jugo da Europa imperialista, militarista e predadora de outros povos (europeus incluídos).
2.º A questão retórica de comparativa de tipologias de referendos, da descriminalização do aborto (até às 10 semanas) ou da Divisão Administrativa (Regionalização) do País com a consulta popular para um tratado que se sobrepõe à constituição portuguesa (e dos outros países) e que concomitantemente envolve mudanças políticas de soberania nacional, económicas, sociais e culturais de fundo, é querer chamar-nos a todos de lorpas. Este é um paradigma social nacional que envolve todo o campo da direita – a mentira compulsiva que manipula a ignorância colectiva (mantida com a baixa escolaridade, falta de investimento na cultura e manipulação dos média). Todos os dias chovem mentiras piedosas da boca de ministros, deputados, fazedores de opinião como instrumento ideológico recorrente.
3.º A questão das promessas dos políticos de direita que não têm “palavra d´honra”. Em campanhas eleitorais fazem–se promessas atrás de promessas como quem vende banha da cobra à tonelada. Não custa nada. Mesmo quando o povo português lhes chama de “mentirosos”, “troca-tintas”, “aldrabões”,… pelas ruas, a cara não lhes cora e “assobiam para o lado”.
4.º A questão das ideias feitas e impingidas como verdades incontestáveis: «Portugal teria ficado bem visto na Cimeira de Lisboa», «foi um êxito a presidência portuguesa» e «e os seus resultados reconhecidos por todos»?! Do ponto de vista da Europa do capitalismo monopolista este foi mais um passe para a liberalização total dos mercados, e portanto um êxito. Mas do ponto de vista dos povos o Tratado de Lisboa ficará na memória como um dos actos mais repugnantes que acabará provavelmente em desgraça colectiva com o lançamento da corrida desenfreada ao armamento e o enterrar da “Europa Social”.
4.º A questão da distribuição do poder – para alguns portugueses haverá "grujetas"e "reconhecimento" do grande capital. Não me admirava que um dia destes assistamos a mais um emigrante de luxo – tipo primeiro-ministro demissionário, tipo José Barroso que deixou de ser "Durão". Nesta Europa uma mão suja compusporca outra.
5.º A questão do Centrão PS, PSD que está a levar o País ao fundo (das tabelas estatísticas da Europa). Se acrescentarmos o Presidente da República, à equação, como factor de coesão da direita portuguesa, então estão criadas as condições para o absoluto desastre (pior que em Alcácer Kibbir), sendo a única saída “Outro Rumo, uma Nova Política (de esquerda). Se isto é possível? Eu diria que já faltou mais...

Concluindo: as ratificações parlamentares, da até há pouco tempo chamada «constituição» europeia (Tratado de Lisboa), uma quase fotocópia da rejeitada pelos franceses e holandeses, ampliam o fosso entre os cidadãos europeus e o aparelho institucional da União Europeia. O Tratado de Lisboa institucionaliza o primado neoliberal na UE como instrumento posto nas mãos dos grandes monopólios para submeter o poder político ao poder económico.

Quantos são, quantos são...?

A todos os “PIDE”osos que querem saber onde “estamos filiados” e “quantos somos”. Para que querem listas tão extensas? Será para comprarem os partidos e as consciências? Quanto valem? Será que se estão a preparar para a “caça às bruxas”? Respeitem os outros, respeitem-se a vocês mesmos… O meu desprezo mais sincero por tais "democratas" que violam a constituição e os mais elementares direitos de liberdade associativa.

Dá-lhes, Luiz Pacheco, como sempre fizestes, que é isso que eles querem, os novos totalitários.

sábado, 5 de janeiro de 2008

Hipácia de Alexandria vítima do fanatismo cristão.

A cidade de Alexandria foi fundada por Alexandre, o Grande, no ano de 332 a.C, e logo se tornou o principal porto do norte do Egipto. A sua localização privilegiada, na encruzilhada das rotas da Ásia, da África e da Europa, transformou a cidade num lugar ideal para centralizar e concentrar a arte, a ciência e a filosofia do Oriente e do Ocidente.
A Biblioteca de Alexandria foi construída por Ptolomeu I no século IV a.C. Após a decadência de Atenas como centro cultural, Alexandria tornou-se o grande pólo da cultura helenística. Todo e qualquer manuscrito que entrava no país (trazido por mercadores e filósofos de toda a parte do mundo [comprado ou pedido de empréstimo]) era classificado em catálogo, copiado e incorporado ao acervo da biblioteca. No século seguinte à sua criação, a biblioteca já reunia entre 500 mil e 700 mil documentos. Além de ser biblioteca, no actual sentido, foi também a primeira universidade, onde se formaram grandes cientistas, como os gregos Euclides e Arquimedes.
Os eruditos encarregados da biblioteca eram considerados os homens mais capazes de Alexandria. Zenódoto de Éfeso foi o primeiro bibliotecário e o poeta Calímaco fez o primeiro catálogo geral dos livros. Os bibliotecários mais notáveis foram Aristófanes de Bizâncio (c. 257-180 a.C) e Aristarco da Samotrácia (c. 217-145 a.C).
Hipácia foi a última grande cientista de Alexandria. Nasceu cerca de 370 d.C . Filha de Theon, um renomado filósofo, astrónomo, matemático e autor de diversas obras, professor da Universidade de Alexandria.Hipácia e Theon tiveram uma ligação muito forte e este transmitiu-lhe seu próprio conhecimento e compartilhou de sua paixão na busca de respostas sobre o desconhecido. Quando estava ainda sob a tutela e orientação do seu pai, ingressou numa disciplinada rotina física para assegurar um corpo saudável para uma mente altamente funcional.
Hipácia estudou matemática e astronomia na Academia de Alexandria. Devorava conhecimento: filosofia, matemática, astronomia, religião, poesia e artes. Hipácia é um marco na História da Matemática que poucos conhecem, tendo sido equiparada a Ptolomeu (85 - 165), Euclides (c. 330 a. C. - 260 a. C.), Apolônio (262 a. C. - 190 a. C), Diofanto (século III a. C.) e Hiparco (190 a. C. - 125 a. C.).O seu talento para ensinar geometria, astronomia, filosofia e matemática atraía estudantes admiradores de todo o império romano.
Aos 30 anos tornou-se directora da Academia de Alexandria. Do seu trabalho, infelizmente, pouco chegou até nós. Alguns tratados foram destruídos com a Biblioteca, outros quando o templo de Serápis foi saqueado. Grande parte do que sabemos sobre Hipácia vem de correspondências suas e de historiadores seus contemporâneos que dela falaram. Um notável filósofo, Sinesius de Cirene (370 - 413), foi seu aluno e escrevia-lhe frequentemente pedindo-lhe conselhos sobre o seu trabalho. Através destas cartas ficou-se a saber que Hipácia inventou alguns instrumentos para a astronomia (astrolábio e planisfério) e aparelhos usados na física, entre os quais um higrómetro.
Desenvolveu estudos sobre a Álgebra de Diofanto ("Sobre o Canon Astronómico de Diofanto"), que escreveu um tratado sobre as secções cónicas de Polónio ("Sobre as Cónicas de Polónio") e alguns comentários sobre os matemáticos clássicos, incluindo Ptolomeu. E em colaboração com o seu pai, escreveu um tratado sobre Euclides.
Ficou famosa por ser uma grande solucionadora de problemas. Ela era obcecada pela matemática e pelo processo de demonstração lógica.
A tragédia de Hipácia foi ter vivido numa época de luta entre o paganismo e o cristianismo, com este último a tentar apoderar-se dos centros importantes então existentes. Hipácia era pagã, facto normal para alguém com os seus interesses, pois o saber era relacionado com o chamado paganismo que dominou os séculos anteriores e era alicerçado nas tradições de liberdade de pensamento.
O cristianismo foi oficializado em 390 d.C, e o recém nomeado chefe religioso de Alexandria, o bispo Cirilo, dispôs-se a destruir todos os pagãos assim como seus monumentos e escritos.
Por causa de suas idéias científicas pagãs, como por exemplo a de que o Universo seria regido por leis matemáticas, Hipácia foi considerada uma herética pelos chefes cristãos da cidade. A admiração e protecção que o político romano Orestes dedicou a Hipácia pouco adiantou, e acirrou ainda mais o ódio do bispo Cirilo por ela e, quando este se tornou patriarca de Alexandria, iniciou uma perseguição sistemática aos seguidores de Platão e colocou-a à encabeça da lista.
Assim, numa tarde de 415 d.C, a ira dos cristãos abateu-se sobre Hipácia. Quando regressava do Museu, foi atacada em plena rua por uma turba de cristãos enfurecidos, incitados e comandados por "São" Cirilo. Arrastada para dentro de uma igreja, foi cruelmente torturada até a morte e ainda teve seu corpo esquartejado e queimado.
O historiador Edward Gibbon escreve: "Num dia fatal, na estação sagrada de Lent, Hipácia foi arrancada de sua carruagem, teve suas roupas rasgadas e foi arrastada nua para a igreja. Lá foi desumanamente massacrada pelas mãos de Pedro, o Leitor, e sua horda de fanáticos selvagens. A carne foi esfolada de seus ossos com ostras afiadas e seus membros, ainda palpitantes, foram atirados às chamas".
Pouco depois, a grande Biblioteca de Alexandria seria destruída e muito pouco do que foi aquele grande centro de saber sobreviveria até os dias de hoje.
Enrico Riboni descreve: "a brilhante professora de matemática representava uma ameaça para a difusão do cristianismo, pela sua defesa da Ciência e do Neoplatonismo. O facto de ela ser mulher, muito bela e carismática, fazia a sua existência ainda mais intolerável aos olhos dos cristãos. A sua morte marcou uma reviravolta: após o seu assassinato, numerosos pesquisadores e filósofos trocaram Alexandria pela Índia e pela Pérsia, e Alexandria deixou de ser o grande centro de ensino das ciências do mundo antigo. Além do mais, a Ciência retrocederá no Ocidente e não atingirá de novo um nível comparável ao da Alexandria antiga senão no início da Revolução Industrial. Os trabalhos da Escola de Alexandria sobre matemática, física e astronomia serão preservados, em parte, pelos árabes, persas, indianos e também chineses. O Ocidente, pelo seu lado, mergulhará no obscurantismo da Idade Média, do qual começará a sair somente mais de um mil anos depois. Em reconhecimento pelos seus méritos de perseguidor da comunidade científica e dos judeus de Alexandria, Cirilo será canonizado e promovido a Doutor da Igreja, em 1882."
E Carl Sagan acrescenta: "Há cerca de 2000 anos, emergiu uma civilização científica esplêndida na nossa história, e sua base era em Alexandria. Apesar das grandes condições para florescer, ela decaiu. A sua última cientista foi uma mulher, considerada pagã. O seu nome era Hipácia. Com uma sociedade conservadora a respeito do trabalho da mulher e do seu papel, com o aumento progressivo do poder da Igreja, formadora de opiniões e conservadora quanto à ciência, e devido à Alexandria estar sob domínio romano, após o assassinato de Hipácia, em 415, essa biblioteca foi destruída. Milhares dos preciosos documentos dessa biblioteca foram (em grande parte) queimados e perdidos para sempre, e com isso o progresso científico e filosófico da época."

Recordar é viver...

clik 2X para aumentar a definição da foto.

Dois atentados, uma mesma escola... a dos serviços secretos Norte-americanos.

Belgrade - 1999
Nova Iorque - 2001

Flexigurança (flexisegurança) ou a hiper-liberalização da exploração do trabalho


No centro de qualquer sociedade estão as relações de produção: “Quem produz… como se produz… e para quem se produz”. Diz-se que quando há apropriação da mais-valia do trabalho de quem produz por grupos que não produzem – haver uma relação de classes, a exploração de classes sociais por outras classes. Quando não há classes exploradoras deixa de haver exploração do homem pelo homem – e passa a haver socialismo. No capitalismo predominam os que vendem a sua força de trabalho (trabalho físico e trabalho intelectual [este último sempre presente em menor ou maior escala] e outros que são detentores dos meios de produção. A tendência é para a cada vez maior proletarização (proletário é aquele que vende a sua força-de-trabalho.(2). Proletário é uma posição social que alguns escamoteiam reduzindo a sua expressão ao operariado fabril. O que não pode ser confundido. Com o reforço e a hegemonia do sistema capitalista mundial (globalizado) típico das últimas décadas do século passado e início do corrente século a mercadoria “trabalho” volta a ser submetida aos velhos métodos de exploração.
O novo paradigma surgido, com queda do sistema socialista, é de ajuste de contas com o passado. Os vencedores reivindicam os privilégios perdidos – um mercado laboral livre de preocupações sociais - a flexibilização total. O fim do trabalho com direitos. As directrizes, deste ataque, são dadas pelas multinacionais aos governos através de organizações que controlam as chamadas “democracias” (FMI, OMC, BM, etc….).
É usual perguntar-se aos povos se querem um ou outro “figurão” numa ou noutra cadeira do poder (sem riscos, pois os médias encarregam-se de manobrar as consciências), mas raramente se pergunta se se quer uma constituição imposta do exterior (1), se se deve ou não declarar guerra a outro povo (Afeganistão, Iraque, Sérvia,… se queremos ou não outro código laboral mais flexível (outra forma de exploração), etc…
A flexigurança (flexisegurança) é apresentada, como é praxe, como qualquer produto, numa embalagem que entra pelos olhos a dentro (promete-se o céu e o firmamento), não falta nada das grandes preocupações actuais: mais oportunidades de trabalho, segurança para os caídos na desgraça dos despedimentos selvagens,… Um mal necessário para as “inevitabilidades” da globalização (como qualquer vaca sagrada, ninguém se atreve a questionar a própria essência da globalização).
Mas nem tudo são facilidades para os senhores do mundo, em França as leis laborais impregnadas da chamada flexisegurança não foram bem recebidas pelos jovens trabalhadores. Nos subúrbios, os jovens deserdados de instrumentos ideológicos e órfãos das organizações de trabalhadores desaparecidas, lançaram uma violente resposta espontânea e anárquica (=não organizada), ao colocar a ferro-e-fogo as grandes cidades. O resultado foi o recuo, temporário, em relação a flexisegurança em França. A vitória foi estrondosa. Moral da história – mesmo com sindicatos destruídos pela derrocada reformista, a luta quando necessária pode aparecer e é uma necessidade objectiva. A mobilização na ausência de melhor meio é feita boca-a-boca, telemóvel-a-telemóvel…
Em conclusão a flexisegurança não é nada mais que a flexibilização dos mercados do trabalho, a desregulamentação, a desvalorização das relações,… e um ataque aos direitos individuais e colectivos da esmagadora maioria da Humanidade. A flexisegurança assenta num modelo de teorias liberais adeptas da chamada tecnocentridade. O Homem aparece no centro da esfera produtiva, distributiva e redistributível capitalista como mero produto descartável. Coloca-se os lucros das sociedades acima das pessoas em geral. Coloca-se como objectivo supremo – o lucro da classe no poder (genericamente designada como accionistas).


(1) Que dizer dos “nossos” dirigentes europeus que cozinharam nas costas dos respectivos povos uma constituição sem consulta dos respectivos povos? “Democratas” da treta! Aprendizes de outras modas! O Presidente Chaves, da Venezuela, – dizem, certos médias, ser totalitário, mas submeteu as alterações à constituição venezuelana a consulta popular e acatou (não convencido) a decisão do Povo.

(2) Proletário - tem origem no latim prol (descendência, filhos, muitos filhos como garante de cuidados na velhice). O proletário vende a sua força de trabalho e da sua prol ao capitalista. Quando se diz haver a proletarização de um grupo social significa que esse grupo passa a depender predominantemente da venda de força de trabalho. Esse fenómeno verifica-se com médicos, advogados, pequenos proprietários lojistas, profissionais liberais…

As Duas Faces da Mesma Moeda

Os discursos de fim de ano do primeiro-ministro e do presidente da Republica de Portugal soaram-me ao ouvido como discos riscados de vinil. Se o primeiro tentou distrair o pagode com o mesmo discurso da treta da última década (já lá vão 10 anos de declínio!) de uma direita putrefacta, o segundo tentou descomprimir a pressão de revolta social latente culpando os "altos salários" (só se for das clientelas habituais) e o ministro (que nos trata da saúde), por ter deixado de encantar (enganar).
Ninguém tocou no ponto principal: a distribuição da riqueza criada pelo povo trabalhador. A actual apropriação das mais-valias do trabalho não incentiva: a produtividade, a sobrevivência do tecido produtivo nacional, a dinâmica de progresso social… O País está-se a endividar cada vez mais. Pouco falta para termos de produzirmos um ano, sem consumir, para pagarmos os calotes.
O País que estes e outros Senhores governaram tornou-se altamente especializado em: dependência do exterior, dívidas, consumo externo excessivo, pobreza material e de espírito, marretas… e em pactos e outras malvadezas para se manterem no Poder a todo o custo.
As únicas grandes mudanças, em 30 anos de governos de direita em Portugal, são as das cadeiras do Poder Económico e Político. «Ora agora sou eu, ora agora és tu» ao “frisson” das noites eleitorais. «Eles comem tudo, eles comem tudo,... e não deixam nada. Os vampiros.... de noite pela calada».

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Natureza, Sociedade, Pensamento e Conhecimento

Neste início do sec. XXI, em que as forças obscurantistas empurram a Humanidade a grandes passos em direcção à aniquilação da vida na Terra, urge contrariar as tendências “prafrentistas” inerentes à ideologia do “fim da história”, e de outra balelas formatadoras e estandardizadoras redutoras da mais elementar capacidade de pensar de per si. Os pedantes rotulados de “professores”, “economistas”, “sociólogos” charlatães e outros que tais (vendedores de banha da cobra)…, bem pagos..., esquecendo a liberdade de pensamento, repetem noite e dia nas televisões, rádios e pasquins frases feitas e verbos de encher, numa linguagem oficial e oficiosa calculada ao pormenor. O contraditório, agora, consagrado como nova “heresia” é objecto de combate sem quartel pelos detentores do poder económico e político. Ao contraditório dá lugar o show-off das ópiosas verborreias e da santificação da estupidez em larga escala. O capitalismo predador tende a controlar todas as formas de informação: educacional, cultural, artística, científica e política, substituindo a capacidade de pensar pela capacidade de se submeter. Neste contexto, de abismo para extinção da vida e de bloqueio do pensamento alternativo, a ciência materialista e a filosofia avançada são fortes porque dão a conhecer aos homens as leis da natureza e da sociedade. Porque ensinam o Homem a servir-se destas leis em benefício da humanidade, tirando-a das trevas da ignorância e elevando-a à luz do verdadeiro conhecimento.