terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Jugoslávia, o "ajuste de contas"

O Fundo Mundial Internacional (FMI) calculou os danos dos bombardeamentos da OTAN na ordem dos 40 mil milhões de dólares (60 mil milhões de euros). Do estudo não constam as consequências da diminuição do PIB, nem perdas de vidas humanas, as incapacidades, a radioactividade do urânio empobrecido e devastação ecológica, entre outras.

Em 31 de Março de 2001 foi o período limite estabelecido por Washington para prender o Presidente Svobodan Milosevic pelo governo da Servia. Ficou, também, fixada a data limite para a sua transferência para o tribunal da Haya, auspiciado pela OTAN.
Enquanto, isso, as vítimas de guerra (aos milhares) eram perseguidas e acusadas como criminosos de guerra (ajuste de contas com os resistentes ao imperialismo). Ao mesmo tempo, o regime de Kostunica, seguindo directivas de Washington, libertou os criminosos do Exército de Libertação do Kossovo - ELK (relacionados com máfias de droga e tráfico de “carne branca”), que cometeram atrocidades no Kossovo. Anunciados pela administração Reagan e promovidos pelas médias como “combatentes pela liberdade”, o ELK foi financiado pelo crime organizado e com apoiado clandestino da CIA para destabilizar a Jugoslávia.
Enquanto, esses criminosos voltavam às fileiras do Exército de Libertação do Kossovo, no sul da Servia e na vizinha Macedónia uma nova onda de ataques terroristas recrudescia. Os ataques, agora, são apoiados e financiados por Washington.
A OTAN como agressor e vencedor da guerra nos Balkans está a exigir da Jugoslávia os tributos: pagamento dos bombardeamentos, indemnizações aos países da ex-jusgoslávia, etc…
Enquanto o terror das armas aterrorizavam, as potencias ditavam as políticas internas da sérvia através dos FMI, Banco Mundial, BERD que procediam a intervenções cirúrgicas à economia com vista a transformar a Jugoslávia numa colónia da aliança militar ocidental. Estas instituições receberam o mandato para desmantelar através da bancarrota e das privatizações forçadas o que não tinha sido destruído pelos bombardeamentos. Os países e os grupos económicos que promoveram a destruição da Jugoslávia dividiram entre si o saque (Portugal também figura no rol dos agressores) através do roubo dos bens públicos (privatizações forçadas), contratos- programa de “reconstrução”, e outros métodos de rapina de recursos.

Algumas medidas promovidas pelo terrorismo económico do FMI e C.ª na sérvia:

Exigiram a destruição da propriedade pública sobre os meios de produção;
Deram ordens para o fim da auto-gestão nas empresas como forma de destruição da propriedade social, mas mais do que isso, como forma de luta ideológica;
Exigiram que se levantassem as barreiras alfandegárias ao mesmo tempo que financiavam o dumping em excesso para arruinar o mercado interno e bloquear os produtores nacionais;
Exigiram que se procedesse à privatização de todos os sectores estratégicos: minas, energia, etc…
Impuseram, sem discussão no parlamento sérvio, medidas de congelamento dos salários e diminuição drástica do salário mínimo;
Exigiram cortes nos sistemas de protecção social que põem em causa a sua sustentabilidade. Os idosos recebem actualmente reformas de 3 dólares/mês.

Este "tratamento de choque" aplicado noutras economias teve como principais instrumentos: a “flutuação controlada” das taxas de cambia, a hiper desvalorização do dinar (moeda), corte do crédito aos agricultores e PME, chantagem com a dívida externa através da manipulação do mercados financeiros.

A Jugoslávia, que foi líder mundial dos não-alinhados, uma potência europeia, está hoje repartida em pequenos países. A Servia vive momentos muto difíceis com um 2/3 da população a viver com menos de 2 dólares/dia, resultado do ajuste de contas com o passado – uma vingança, e uma punição exemplar dos vencedores. Mas a história ainda não acabou!

A aplicação das medidas do FMI sob o slogan “mercado livre” traduz-se invariavelmente em campesinos sem terras, encerramento de fábricas, desemprego, precariedade no trabalho, destruição de direitos laborais. A militarização é o recurso crescente para forçar a aplicação do remédio mortífero.

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