O rácio de despesa executada em investigação & desenvolvimento (I&D) sobre o produto interno bruto(PIB) DI&D/PIB foi em 2005 de 0,81 %. Este indicador é da maior importância, pois dá-nos uma ideia como o País se está a preparar para enfrentar a modernização socio-economica e o desenvolvimento de novos produtos, novos serviços - ou seja como se está a dar resposta à satisfação das necessidades humanas tendo em conta os novos desafios nacionais e internacionais no domínio científico e tecnológico. A competitividade da economia depende enormemente desta despesa estratégica. O nível de despesa em I&D, por estar associado a outras áreas da economia e do social, não pode ser aumentado por decreto ou por simples dotação orçamental no Orçamento de Estado, é necessário ambiente favorável ao nível da formação de cientistas, quadros superiores, quadros médios e dos trabalhadores em geral e restante população, um clima geral de «contágio» do conhecimento. São, ainda, necessários meios materiais, laboratórios estatais, centros de investigação nas empresas, laboratórios nos estabelecimentos de ensino superior dotados dos meios actuais, escolas com equipamentos de experimentação e demonstração, etc… resumindo uma sociedade dotada de uma linguagem socialmente predisposta (conhecimentos) a absorver e a interiorizar a inovação. Como vimos em “porca miséria I” o ambiente de difusão (linguagem educacional, formacional, cultural) é comprometedor, dificultando a investigação e a difusão tecnológica. Em Portugal o contágio da inovação e do conhecimento é fraco entre empresas, entre universidades, laboratórios e empresas… Isto resulta de décadas de governos de direita que não desenvolveram as capacidades intrínsecas do povo português. Não houve vontade política para resolver os problemas estruturais que permitissem a construção de uma sociedade do conhecimento. As prioridades foram e continuam a ser sugar recursos fáceis de explorar, quer ao nível do trabalho mal remunerado quer ao nível de sugar o património ambiental e cultural.
Principais estrangulamentos:
Principais estrangulamentos:
Política de direita orientada apara a exploração de mão de obras mal paga desincentivou a modernização do aparelho produtivo;
A prática de baixos salários não permitiu a reprodução adequada da força de trabalho – as famílias investem pouco na formação e na educação. As prioridades das famílias vão para os bens básicos de subsistência, e pouco mais sobra dos salários de miséria. O Estado demite-se das suas responsabilidades sociais;
O Estado nunca quis resolver os problemas estruturais da educação, da formação e da cultura, porque os interesses de classe não eram esses. Investe-se pouco e mal nestes sectores, vetados ao desprezo;
A classe capitalista portuguesa é mal formada e convive mal com a inovação, para não falar do ódio nutrido contra os conhecimentos científicos e tecnológicos. A cultura empresarial caracteriza-se pela tecnocentridade com reflexos na produtividade interna das empresas. As opiniões dos trabalhadores pouco contam e as organizações de trabalhadores perseguidas. Uma desgraça! Portugal é um deserto no domínio das patentes e da protecção de ideias, até por não haver ideias. De forma geral não há ambiente nem estimulos para gerar ideias;
Contrariamente ao que acontece nos países mais desenvolvidos, em Portugal, as empresas só suportam 1/3 dos investimentos em I&D. O Estado suporta, através das universidades, Laboratórios de Estado e Estado 2/3. Nos países com níveis superiores de gastos em I&D as empresas gastam mais de 60% dos totais nacionais. Em Portugal, as grandes empresas limitam-se a vampirizar os recursos estatais, que lhes são oferecidos pelos seus agentes estratégicamente colocados no poder. As micro, pequenas e médias empresas (97 % do total do tecido empresarial), confrontam-se com enormes barreiras no acesso à inovação e não dispõem de recursos para se financiarem com I&D.
Neste deserto que é o I&D, em Portugal, subsistem excepções que confirmam a regras e que poderiam servir de exemplo. Nem isso é feito, a divulgação é fraca.
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